sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MEMORIAL DE LEITURA

Se hoje tenho consciência da importância da leitura para o desenvolvimento social e cultural do ser humano, é devido ao meu esforço e a minha vontade de conhecer e buscar coisas novas que me fizessem acreditar que valia a pena lutar pela educação, pois vim de uma formação escolar muito fraca, tento feito as séries iniciais em uma escola multiseriada, o que não seria o problema se tivesse uma pessoa comprometida com a educação. A professora que ministrava as aulas na maioria das vezes, mandava-nos fazer cópias de livros sem nenhuma explicação dos conteúdos, perecíamos trabalhar sempre no automático.


Lembro-me que em minha sala de aula tinha um armário com uma porta de vidro, que ficava sempre trancada com a chave e dentro desse armário tinha alguns livros de literatura infantil, que eu e meus colegas nunca chegamos a sequer tocar neles, pois a professora não queria que estragássemos ou sujássemos os livros, e o pior de tudo é que nem ela os pegava para contar as histórias para nós. Acredito que estas atitudes de minha professora me fizeram muito bem, é , muito bem, pois a minha curiosidade só crescia a cada dia para saber o que tinha num livro de literatura infantil, dos quais ela falava, mas não lia e nem mostrava.

Quando meus pais me matricularam no antigo”ginásio”, as coisas começaram a melhorar um pouco, só um pouco, porque aí eu percebi que não sabia ler aqueles tão sonhados livros. Acho que não contei antes que eu sou filha de agricultores, e com muito orgulho, só que há trinta anos atrás a única preocupação dos meus pais era com o sustento da família, sustento este que eu ajudava a prover trabalhando na roça e isso ocasionava a falta de tempo para o estudo.

Como os professores do colégio onde estudei conheciam minha família e sabiam como era difícil para eu me deslocar os trinta quilômetros até a escola, desses trinta quilômetros, seis eu fazia caminhando todos os dias e o restante de ônibus que tínhamos que pagar do próprio bolso, eles sabendo dessas dificuldades sempre me olharam com bons olhos e me deram aquela força, acho que eles perceberam minha vontade de estudar. Os anos foram se passando e aos poucos fui conseguindo ler algumas histórias que me deixavam encantada. Quando cheguei na sétima série, as dificuldades foram aumentando e eu já não conseguia mais acompanhar a turma nos estudos, então desisti no meio do ano, achando que o sonho tinha acabado e que trabalharia o resto da vida na roça, foi aí que um anjo apareceu em minha vida.

Este anjo foi uma professora de História, a qual considero minha segunda mãe, ela convenceu meus pais da importância do estudo e consegui, no ano seguinte voltar a estudar e aquela dificuldade toda desapareceu como num passe de mágica, foi aí que decidi que seria uma professora, terminei a sétima e a oitava séries e fiz o Magistério, daí pra frente enfrentei todas as dificuldades que vieram, que não foram poucas, e posso dizer que VENCI, e a cada dia que passa sinto ainda mais prazer ao pegar um livro e viajar em suas histórias, pois sei que foram eles, os livros, que me trouxeram até aqui.

Quando um aluno me pede para levar um livro emprestado para casa, fico muito feliz, pois sei das aventuras que um bom nos proporciona.

Se minha querida professora Aya me permitir, quero lhe agradecer pela oportunidade de escrever este memorial de leitura, pois com isso pude reviver alguns momentos de minha vida que já não lembrava mais, e estes momentos me deram um pouco mais de “gás” para enfrentar esta reta final do ano letivo. Gostaria também de deixar registrado neste memorial que o curso Gestar II , foi mais um grande desafio que enfrentei e estou saindo dele com uma bagagem de conhecimento e troca de experiências nuca vividas antes, fico muito feliz de ter feito parte dos formadores do Gestar II de Santa Catarina.

Rubea Vieira Farias

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